A disputa pelos holofotes do Brasileirão saiu dos gramados e foi parar nos bastidores. O Flamengo, insatisfeito com o modelo atual de distribuição das receitas de transmissão, decidiu subir o tom e enviou uma notificação formal à Globo e aos clubes da Libra. O objetivo? Impedir temporariamente o repasse de valores provenientes do pay per view até que seja definido um novo critério de divisão, mais justo na visão do clube carioca.
Isso porque o Rubro-Negro entende que, por atrair a maioria dos assinantes dessa modalidade, deveria ser recompensado proporcionalmente ao seu impacto na audiência.
Modelo atual favorece clubes com menor torcida, diz Flamengo
O impasse se intensificou após o Flamengo apontar perdas estimadas em cerca de R$ 100 milhões com a fórmula atual. Vale destacar que, segundo a diretoria encabeçada por Luiz Eduardo Baptista, o contrato firmado pela antiga gestão é prejudicial ao clube.
Por isso, o Flamengo decidiu romper o silêncio e tentar barrar os pagamentos, alegando que equipes como Red Bull Bragantino, Bahia, Atlético-MG e Vitória teriam ganhos desproporcionais.
Cabe ressaltar que o clube não contesta a divisão das receitas de TV aberta ou fechada. A disputa se concentra exclusivamente na fatia do pay per view, que pode variar entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões conforme a arrecadação anual.
Divisão por audiência ou por assinantes?
O ponto central da discórdia é simples: por que o Flamengo, com a maior torcida do país e responsável pela maior parte dos assinantes, deveria dividir igualmente os valores com times de menor alcance? Para os dirigentes rubro-negros, isso não faz sentido.
“Por ter mais torcedores rubro-negros assinantes, o Mengão entende que tem que ganhar a maior cota”, reforça a diretoria.
Além disso, em jogos contra adversários com pouca expressão nacional, como o Bragantino, a maioria do público está ali para ver o Flamengo. Sendo assim, o clube quer que os pagamentos reflitam essa realidade, com base nos assinantes e não nos índices do Ibope.
Conflito ameaça estabilidade financeira dos clubes
Dessa maneira, o pedido do Flamengo pode afetar diretamente o caixa dos 20 clubes da Série A. O total de receitas gerado pela Globo para a transmissão do Brasileirão gira em torno de R$ 1,170 bilhão, mas essa quantia pode se tornar motivo de discórdia ainda maior.
Com isso, o embate entre os interesses comerciais e o espírito coletivo da Libra fica mais evidente. Portanto, será necessário diálogo e negociação para que uma nova fórmula de divisão seja implementada sem prejudicar o campeonato.
Desse jeito, o Flamengo se posiciona como protagonista também fora de campo, exigindo reconhecimento pelo seu valor de mercado. E a pergunta que fica é: o modelo atual é, de fato, justo para todos?
